
Japan-Europe High School
Student Exchange Program for 2008
Testemunho de Mariana Gonçalves, participante do
programa deste ano, do 11º Ano, 16 anos,
da Escola Secundária Padre Alberto Neto
"O meu Japão"

Takeshita Dori, Harajuku onde se é constantemente
atropelado por pessoas e onde descobri um novo
significado da palavra “merchandise” |

Tokyo Tower
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Pôr-do-sol
em Nagano
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Karaoke, provavelmente o meu sítio favorito em todo
o Japão |

As
montanhas de Nozawa Onsen
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Shinjuku, Tokyo
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Em
primeiro lugar gostaria de referir o quão grata estou por esta
oportunidade. Esta experiência permitiu-me conhecer não só o
Japão como também os mais diversos tipos de pessoas e perceber o
quão diferentes estas podem ser dependendo da cultura onde estão
inseridas.
No
final de Junho deste ano fui seleccionada pela Embaixada do
Japão em Portugal para participar no programa Japan-Europe High
School Student Exchange Program. Para além de visitar Tokyo com
outros estudantes europeus, iria ficar em Homestay durante 3
semanas onde viveria a vida de um estudante japonês.
Foi
assim que a 7 de Julho me desloquei para Nozawa onsen, Nagano,
onde iria dar inicio à minha verdadeira descoberta do que é
viver no Japão.
O
facto da minha família viver numa zona de onsen, bastante
afastada da cidade foi muito bom porque desse modo tive
oportunidade de conhecer não só a zona de cidade de Nagano mas
também a zona do campo. Ao princípio foi muito difícil para mim
habituar-me a viver “longe de tudo” e o trajecto diário que eu
tinha de fazer de comboio foi algo que eu tive de aprender a
gostar. Mas à medida que o tempo ia passando e me ia sentido
mais confortável naquele ambiente aquela hora que eu tinha de
passar no comboio deixou de ser tão importante. Experienciar
esta forma de vida abriu-me os horizontes e acho que me tornou
numa pessoa mais paciente.
À
minha Host Family só tenho de agradecer porque foram realmente
excepcionais. Levaram-me a conhecer inúmeras coisas e mesmo
quando a comunicação não era tão fácil conseguíamos fazer-nos
entender uns aos outros, quer pela habilidade espantosa da minha
Host Sister em transformar as coisas num japonês realmente
simples ou pela minha mímica e efeitos sonoros.
A
escola secundária no Japão é ligeiramente diferente do método de
ensino Português. Fiquei surpreendida por ver que a maior parte
dos alunos se preocupa muito com os estudos e a carreira futura,
estando já desde muito cedo preocupados com que faculdade
ingressar. Senti que eles na verdade estão um bocado assustados
com o futuro e com o facto de terem de passar o resto das vidas
a trabalhar em escritórios. Os meus colegas faziam o seu melhor
para aproveitar os anos que tinham de escola ao máximo sem no
entanto descurar os planos que tinham para as suas carreiras.
Isso é algo que não se vê muito aqui. Normalmente os alunos
estão preocupados com o passar de ano e isso é tudo, não se vê
muita ambição ou muito sonho concreto.
Ser
uma overseas student não foi muito fácil. Num país onde talvez
50% das coisas me passavam ao lado diariamente, algumas vezes
sentia-me um bocado a mais porque a minha turma já era um grupo
há algum tempo e como é óbvio não me estavam sempre a explicar
tudo sobre o que estavam a conversar. Nessas alturas ficava sem
saber o que fazer mas à medida que o tempo passava fui tentando
não me concentrar nesses momentos e fazer forward nas coisas que
não estava a apanhar.
Descobri
um mundo absolutamente diferente daquele que conhecia e também
diferente daquele que estava à espera. Por entre o meu amor
pelas salas de karaoke que visitei vezes a mais e o fascínio que
tinha pelas opções que nos eram oferecidas nas sanitas, foi nas
pessoas que realmente encontrei o Japão.
As
pessoas no Japão são completamente diferentes do que estou
habituada. Os Japoneses gostam verdadeiramente de ajudar os
outros e de os fazer sentir à vontade. Penso que esta forma de
viver é muito inteligente e sensata porque se algum problema
acontecer, as pessoas resolvem-no com muita calma e sem precisar
de armar confusões desnecessárias ou culpar outrem. Os meus
colegas foram muito amáveis comigo especialmente quando não nos
conseguíamos entender ou quando eu dava erros a falar, eles
ajudavam-me e corrigiam-me sem serem maldosos.
Todas
as coisas que vivi e as pessoas que conheci durante esta viagem
vão continuar a caminhar comigo até ao resto da minha vida e
penso verdadeiramente que conhecer este país e esta cultura tão
única não como uma simples turista mas como uma estudante
japonesa me ensinou um sem número de coisas.
Queria
em último lugar agradecer a todos os que tornaram esta viagem
possível, em especial à IFA que tratou tão bem de todos nós ao
longo da nossa estadia.
Mariana Gonçalves (16)
Escola Secundária Padre Alberto Neto
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